terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O jardim encantado

   O relógio de pêndulo da sala de estar fazia seu tic-tac monótono, como o som de um ponteiro cansado, e tornava aquela tarde de outono infindável, enquanto Rosie esperava sua avó voltar. Ela já tinha saído há duas horas e meia para resolver alguns negócios na cidade e até agora não havia voltado. 
   Rosie morava com a avó desde que seus pais morreram, em um lugar onde não se vê uma casa ou qualquer sinal de gente a um raio de 20 km. Só há as colinas, o verde (que nessa época se transforma em um marrom alaranjado, devido ao outono), cervos, coelhos e outros animais silvestres.
   Ao longe veem-se montanhas altíssimas com o topo coberto de uma neve branca que nunca derrete, os Alpes. A cidade do reino é um lugar que Rosie pouco conhece, morou lá quando criança, até os cinco anos, e depois quase nunca mais voltou. Agora, com 17 anos, só se lembrava de ter ido para a cidade umas duas vezes depois de ter mudado para Feeland; apenas em ocasiões especiais e nunca para ficar muito tempo.
   Por algum motivo a avó preferia viver longe de todos e cuidava da antiga mansão da família como se tivesse um valor sentimental. Não que Rosie se importasse com isso, na verdade aquele sempre foi seu lar. 
A casa, feita praticamente toda de madeira e pedra, fica em um bosque cheio de carvalhos, castanheiras, bétulas, e os preferidos de Rosie, os salgueiros. Ela tem um quintal bem grande, pode-se dizer.
Como viveu praticamente a vida inteira ali, sente-se pertencente àquele lugar. Ao lugar que chama carinhosamente de jardim encantado... Não que ele seja realmente encantado, mas às vezes Rosie acha que sim. 
   A alguns passos da casa há uma pequena colina com um pessegueiro em cima. É onde Rosie gosta de se sentar e ficar observando as montanhas ao longe. Há também o lago Wilbur, que é rodeado por vários salgueiros, aquelas árvores que parecem estar chorando sem motivo algum, ou quando venta, parecem estar sussurrando para nós e tentando nos envolver com seus braços de folhas esvoaçantes.
   E atrás de tudo fica a floresta, o único lugar que Rosie nunca explorou por ser muito perigoso - pelo menos de acordo com a sua avó. Como não temos informações suficientes para descrever a floresta, vamos voltar à casa. 
   Feita principalmente de mogno, do lado de fora é decorada por trepadeiras de folhas e flores. Há uma entrada da frente e uma de trás, que fica de frente para o lado da floresta. A casa tem três andares, e é cheia de cantinhos escondidos que a tornam ainda maior e parecendo guardar segredos desconhecidos.
   Essa casa pertenceu à família de Rosie por dez gerações, então, como você pode imaginar, é bem antiga. No primeiro andar fica a sala de estar, que é excessivamente grande e tem um tapete verde cobrindo a maior parte do chão frio de pedra, e três sofás de madeira bem aconchegantes, com almofadas marrons e em tons de amora e pêssego. Na parede de frente para os sofás, do lado da enorme janela com cortinas verdes, está a lareira, que faz o trabalho de aquecer a casa durante os invernos rigorosos de Noordenveld. 
   Nessas tardes frias, quando a neve forma um tapete fofo e branco que cobre todo o bosque, Rosie gosta de se sentar aos pés da lareira, enrolada em seu cobertor de lã, assistindo as chamas dançando e formando sombras diferentes e inquietantes no chão.
   Do outro lado, em uma ala diferente, fica a sala de jantar, com uma mesa retangular de doze lugares, feita de cedro, e que está sempre vazia; com apenas dois lugares sendo ocupados, o que faz com que a mansão pareça ainda mais enorme e solitária.
   Depois da sala de jantar fica a cozinha, que tem um pequeno jardim do lado de fora, onde a avó Adélia e Rosie plantam alguns vegetais para usar na comida. No centro da sala de estar fica uma escada em caracol que leva ao segundo andar, onde estão os quatro quartos (o de Rosie, o da avó, e mais dois desocupados), a sala de música, e a biblioteca.
   O quarto de Rosie tem um formato circular, com uma cama em tamanho de casal e cabeceira de madeira trabalhada. Também há um dossel turquesa. O peitoral da janela é um pequeno sofá verde folha e cortinas creme emolduram a janela. Há uma mesinha junto à parede, que é onde Rosie costuma escrever as melhores coisas que acontecem com ela, ou simplesmente guardar alguns exemplares de flores bonitas e diferentes que encontra por aí. Na sala de música há um piano de calda preto e bem antigo, uma harpa e uma flauta. 
   A biblioteca é uma das partes da casa preferidas de Rosie. Lá há tantos livros que é difícil contar a dedo, mas a avó havia lhe dito que ao todo são exatamente mil livros. 
    Também não podemos esquecer de mencionar as passagens secretas espalhadas por toda a casa. Existem quatro passagens ao todo. Rosie passou anos explorando cada centímetro da casa, e por isso, acabou descobrindo uma por uma. Há uma na sala de estar, atrás da lareira, que é um túnel que leva para a biblioteca; em um dos quartos de hóspedes (que sempre estão vazios) também há uma que vai para o jardim atrás da cozinha; há uma no quarto da Rosie, que leva para uma espécie de porão, embaixo da casa, onde há apenas instrumentos velhos, roupas antigas e empoeiradas, alguns baús trancados e mapas. 
   E existe uma passagem secreta na sala de música levando para fora da casa até a floresta. Há uma placa dentro do túnel indicando o caminho e quantos metros faltam para a floresta de Glinniver. É a única que Rosie nunca usou, apesar de ter muita vontade. Porém, todas as vezes que tentou ir à floresta, algo lhe dizia que devia voltar. Talvez medo ou remorsos por quebrar uma das três únicas regras da casa: Nunca ir até a floresta, nunca ir à cidade sozinha e nunca entrar na sala da avó sem permissão.
   A sala de Adélia ocupa o terceiro andar inteiro da casa. Rosie quase nunca vai lá, pois a avó quase nunca a chama para ir. Na verdade, a avó é muito legal com ela, mas gosta de bastante privacidade. Rosie adora quando ela lhe convida para ir à sua sala porque ela é linda, cheia de enfeites brilhantes, relógios, flores, prateleiras com livros, um sofá cor de pérola aconchegante, uma janela bem grande, um tapete peludinho, e sua parte preferida: o teto que se abre revelando o céu.
   A avó adora ver como a neta se encanta com aquele céu estrelado, então sempre que Rosie vai lá ela abre o teto para as duas ficarem olhando o céu. Ela também costuma lhe contar histórias naquela sala e servir um chazinho com biscoitos delicioso. 
   Segundo o que Rosie sabe, o trabalho dela é fazer remédios com algumas ervas e ingredientes que colhe no bosque, e então vender pelas cidades. Ela está sempre viajando de cidade em cidade, de vila em vila, por isso Rosie acaba ficando sozinha em casa em muitas ocasiões.
   Ela tem apenas um amigo de verdade que conhece desde os cinco anos, quando foi  morar com a avó. Ele e a sua mãe são as únicas outras duas pessoas que moram no bosque, em uma pequena casa perto dali. O pai morreu na guerra e a mãe é uma grande amiga da avó de Rosie, então eles acabaram se tornando melhores amigos em pouco tempo. Aliás, são os únicos amigos um do outro.
   E, ultimamente, as batidas aceleradas que Rosie sente em seu coração quando ele sorri a fazem suspeitar que ele seja muito mais do que simplesmente um amigo para ela. De repente, quando ele não está, tudo fica triste e as horas demoram demais pra passar. No fundo, ela sabe muito bem que se ele não estivesse ali sua vida não teria a menor graça. Sabe muito bem que é a presença dele que faz com que ela não se importe de viver tão longe de tudo, porque não lhe falta mais nada.
   Nesse momento, Rosie ouve duas batidinhas na porta da sala, despertando-a de seus pensamentos. Ela se levanta animada porque finalmente sua avó havia voltado e ela não iria mais ficar sozinha. 
Vai atender a porta, imaginando que seria sua avó, mas era melhor que isso. 
  Seu cabelo escuro está meio bagunçado e suas bochechas um pouco coradas. Seus olhos verdes profundos continuam fazendo-a perder o fôlego de olhar para eles, e quando ele sorri pra ela, seu coração dá um pulinho involuntário.
- Oi Logan...


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Cartões Tulipa

Esses são os cartões que eu fiz em algumas datas comemorativas aqui em casa. Eu acabei criando uma "marca" de cartões chamada Tulipa.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Dani e Peter - Parte final

Os dias se passaram e nós revezávamos entre andar de bicicleta, tomar sorvete, comer crepes, ir numa doceria muito boa chamada L´Itália, passear na praça ou no shopping. Até fomos no cinema juntas, e assistimos um filme novo da Disney, que eu achei muito bonitinho.
Um dia o Derick foi na casa da Julieta e eu fiquei sabendo que tinham chamado os dois para resolver outro caso, mas claro, com a ajuda da polícia. Eu fiquei super feliz por eles e encorajei, porque percebi que estavam bem animados.